segunda-feira, 25 de abril de 2011

As reflexões dos alunos sobre questões morais do nosso cotidiano.

O debate de nossas escolhas éticas:

Os casos abaixo foram reproduzidos do livro da professora Marilena Chaui "Convite à Filosofia". Os alunos ouviram inicialmente uma a introdução aos fundamentos filosóficos da Ética e da Moral. Depois em grupo debateram os casos relatados e produziram seus comentários. Oportunamente faremos uma reflexão crítica sobre o trabalho de cada grupo. TODAS AS QUESTÕES SÃO POLÊMICAS. Razão porque convidamos a sociedade contribuir neste debate. 

Caso 1
Vivemos certas situações, ou sabemos que foram vividas por outros, como situações de extrema aflição e angústia. Assim, por exemplo, uma pessoa querida, com uma doença terminal, está viva apenas porque seu corpo está ligado a máquinas que a conservam. Suas dores são intoleráveis. Inconsciente, geme no sofrimento. Não seria melhor que descansasse em paz? Não seria preferível deixá-la morrer? Podemos desligar os aparelhos? Ou não temos o direito de fazê-lo? Que fazer? Qual a ação correta?

Texto dos alunos
Grupo 1
“ Cada caso é um caso; dependendo do estado de vida da pessoa, se ela estiver só vegetando, sem nenhuma esperança de vida, concordamos em desligar os aparelhos. Mas caso contrário se houver alguma esperança achamos que a pessoas, os familiares e os médicos devem continuar lutando”

Caso 2
Uma jovem descobre que está grávida. Sente que seu corpo e seu espírito ainda não estão preparados para a gravidez. Sabe que seu parceiro, mesmo que deseje apoiá-la, é tão jovem e despreparado quanto ela e que ambos não terão como se responsabilizar plenamente pela gestação, pelo parto e pela criação de um filho. Ambos estão desorientados. Não sabem se poderão contar com o auxílio de suas famílias (se as tiverem).Se ela for apenas estudante, terá que deixar a escola para trabalhar, a fim de pagar o parto e arcar com as despesas da criança. Sua vida e seu futuro mudarão para sempre. Se trabalha, sabe que perderá o emprego, porque vive numa sociedade onde os patrões discriminam as mulheres grávidas, sobretudo as solteiras. Receia não contar com os amigos. Ao mesmo tempo, porém, deseja a criança, sonha com ela, mas teme dar-lhe uma vida de miséria e ser injusta com quem não pediu para nascer. Pode fazer um aborto? Deve fazê-lo?

Texto dos alunos
Grupo 1
“ Fazer o aborto ela até pode, mas no nosso ponto de vista ela não deve fazer. Como o próprio texto diz a criança não pediu para nascer e sendo assim a mãe deveria ter tomado as medidas necessárias, sabendo das conseqüências dos dias atuais. Estamos vivendo num mundo de preconceitos e discriminações. E ela (a mãe) deve dar o seu melhor, para tentar dar uma vida digna para o bebê. Ele (o bebê) não tem culpa da falta de responsabilidade dos pais.”
Grupo 2
“ Todos no grupo concordam que o aborto não é o mais correto. Só que em algumas ocasiões, por causa do medo e do desespero as pessoas optam por fazer o aborto e  sendo assim, não devem ser julgadas por esta atitude.”

Caso 3
Um pai de família desempregado, com vários filhos pequenos e a esposa doente, recebe uma oferta de emprego, mas que exige que seja desonesto e cometa irregularidades que beneficiem seu patrão. Sabe que o trabalho lhe permitirá sustentar os filhos e pagar o tratamento da esposa. Pode aceitar o emprego, mesmo sabendo o que será exigido dele? Ou deve recusá-lo e ver os filhos com fome e a mulher morrendo?

Texto dos alunos
Grupo 1
“ Nós aceitaríamos emprego desonesto ( nos termos colocado no texto) até arrumar outro trabalho, porque preferimos trabalhar desonestamente a ver meus filhos e minha esposa passar fome.”

Grupo 2
“Achamos que ele deve aceitar o emprego por mais que seja ilegal. É a família dele que está sofrendo, com fome. Achamos que quando o sofrimento da família está em jogo, fazemos qualquer coisa, agimos por instinto, por nossas escolhas (sic). E sabendo que mais tarde teremos certas conseqüências. Mas na hora só pensamos na família e acabar com o sofrimento deles”.

Caso 4
Um rapaz namora, há tempos, uma moça de quem gosta muito e é por ela correspondido. Conhece uma outra. Apaixona-se perdidamente e é correspondido. Ama duas mulheres e ambas o amam. Pode ter dois amores simultâneos, ou estará traindo a ambos e a si mesmo? Deve magoar uma delas e a si mesmo, rompendo com uma para ficar com a outra? O amor exige uma única pessoa amada ou pode ser múltiplo? Que sentirão as duas mulheres, se ele lhes contar o que se passa? Ou deverá mentir para ambas? Que fazer? Se, enquanto está atormentado pela decisão, um conhecido o vê ora com uma das mulheres, ora com a outra e, conhecendo uma delas, deve contar a ela o que viu? Em nome da amizade, deve falar ou calar?

Texto dos alunos

Grupo 1
“ Além de estar traindo ambas, está traindo a si mesmo, pois não sabe expressar seu sentimento e não conhece a si mesmo. O amor só existe com uma pessoa. Pois um ato de poligamia desestruturaria o relacionamento. Elas ficariam bem magoadas e sim, as amigas devem contar que estão sendo traídas.”

Grupo2
“ Estar amando duas pessoas na espécie humana é normal, pois ninguém manda em seus sentimentos, eles simplesmente acontecem. Só não é tolerável a traição. Se algum amigo presenciar algo assim, deve sim contar, pois ser amigo é ser fiel.”

Caso 5
Uma mulher vê um roubo. Vê uma criança maltrapilha e esfomeada roubar frutas e pães numa mercearia. Sabe que o dono da mercearia está passando por muitas dificuldades e que o roubo fará diferença para ele. Mas também vê a miséria e a fome da criança. Deve denunciá-la, julgando que com isso a criança não se tornará um adulto ladrão e o proprietário da mercearia não terá prejuízo? Ou deverá silenciar, pois a criança corre o risco de receber punição excessiva, ser levada para a polícia, ser jogada novamente às ruas e, agora, revoltada, passar do furto ao homicídio? Que fazer?


Texto dos alunos

Grupo 1
“ Em nossa opinião ela não deve denunciá-la, mas sim chamá-la para conversar e explicar para ela que aquilo não é certo e ela ( a criança) deveria pagar o que pegou.”

Grupo2
“Nós achamos que a mulher deveria pagar pelas frutas que o menino pegou, pois se fosse levado para a polícia, poderia voltar revoltado e atacar novamente”.


3 comentários:

  1. Nosso objetivo aqui não é gerar polêmicas, mas reflexões sobre questões centrais do nosso cotidiano, à luz do pensamento filosófico. A participação respeitosa de todos neste debate é uma questão central. Apenas consolidando a dimensão ética e moral entre nossos alunos e toda a sociedade seremos seres humanos mais livres e felizes.

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  2. quero saber os exemplos poxa!

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  3. Não entendi a sua dúvida. Você indaga sobre que exemplos? No caso acima os exemplos são relatados e passado em texto para grupos de alunos. Depois de discutí-los eles colocam suas opiniões. Se você explicar com mais detalhes posso comentar melhor.

    Um abraço

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