terça-feira, 26 de julho de 2011

Nas fronteiras da Teoria do Conhecimento: o que nos espera no segundo semestre do ano.

Olá prezados alunos,

O recesso de julho está terminando. Vamos nos preparar para iniciar nossos estudos sobre a Teoria do Conhecimento. Para aquecer podemos inicar fazendo pesquisa sobre os seguintes conceitos:

a) Epistemologia - de que se trata?

b) Cognição: o que é isto?

c) Se os meus sentidos podem me enganar como posso ter certeza sobre meus conhecimentos?


Bom aquecimento

Professor Frederico

sexta-feira, 22 de julho de 2011

A adesão à greve dos professores do ensino estadual é um ato de educação cidadã, como nos ensina o mestre Paulo Freire.

A escola pública deveria ser o mecanismo de ensino por excelência, tendo-se consciência que o próprio Estado deverá estar sujeito a disputas hegemônicas entre representantes do capital e representantes do trabalho. E que o resultado destas disputas irá expressar um maior ou menor conteúdo de verdadeira feição democrática no ensino. A ...luta por qualidade no ensino público é também uma luta política, no sentido que lhe atribui a filosofia. A adesão à greve dos professores do ensino estadual é um ato de educação cidadã, como nos ensina o mestre Paulo Freire em seu livro Educação como Prática da Liberdade. Também citando Freire:

"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda."

Desta forma ter Paulo Freire como referência nos auxilia em perserverar na construção de uma sociedade justa. Talvez este seja um dos nossos maiores desafios hoje: re-humanizar os espaços em que vivemos como prática liberdade, iniciando com o próprio espaço das escolas em que lecionamos.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

"O que é uma sociedade justa e ideal" ? - pergunta Platão em sua obra A República.

Observação: a fonte destes dados não é acadêmica. Mas constitui um roteiro válido para conhecermos os principais filósofos que fizeram reflexões no campo da política.

Filosofia política é o campo da investigação filosófica que se ocupa da política e das relações humanas consideradas em seu sentido coletivo.
Na Antiguidade grega e romana (principalmente na primeira), discutia-se os limites e as possibilidades de uma sociedade justa e ideal (Platão, com sua obra A república). Mas o que se tornou célebre, por se tornar a teorização da prática política grega, em particular de Atenas, foi o tema do bem comum (Aristóteles), representado pelo homem político, compreendido como o cidadão habitante da pólis, o homem politikós que opinando e reunindo-se livremente na ágora, junto a seus pares, discute e delibera acerca das leis e das estruturas da sociedade. O homem político teria o seu espaço de atuação privilegiada na esfera pública, no átrio, no senado, em oposição à esfera privada dos indivíduos, representada pela casa, pelo lar, pelos negócios domésticos. Já em Roma, Cícero teorizou a República como espaço das liberdades cívicas, em que ocorre uma complementaridade entre os senadores e a plebe (tese retomada no século XVI por Maquiavel).
Desde fins da Idade Média, a Filosofia Política e os pensadores tratam das mais variadas questões sobre a legitimação e a justificação do Estado e do governo:
- os limites e a organização do Estado frente ao indíviduo (Thomas Hobbes, John Locke, barão de Montesquieu, J.-J Rousseau);
- as relações gerais entre sociedade, Estado e moral (Nicolau Maquiavel, Augusto Comte, Antonio Gramsci);
- as relações entre a economia e política (Karl Marx, F. Engels, Max Weber);
- o poder como constituidor do "indivíduo" (Michel Foucault);
- as questões sobre a liberdade (Benjamin Constant, John Stuart Mill, Isaiah Berlin, Hannah Arendt, Raymond Aron, Norberto Bobbio, Phillip Pettit);
- as questões sobre justiça e Direito (Immanuel Kant, F. W. Hegel, John Rawls, Jürgen Habermas, Michael Sandel)e
- as questões sobre participação e deliberação (Carole Pateman, Habermas, Joshua Cohen).
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_pol%C3%ADtica

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Para entender Filosofia Política: Por que a população não sai às ruas contra a corrupção?

Da Página do MST
O jornal O Globo publicou uma reportagem no domingo para questionar por que os brasileiros não saem às ruas para protestar contra a corrupção.
Para fazer a matéria, os repórteres Jaqueline Falcão e Marcus Vinicius Gomes entrevistaram os organizadores das manifestações de defesa dos direitos dos homossexuais e da legalização da maconha. E a Coordenação Nacional do MST.
A repórter Jaqueline Falcão enviou as perguntas por correio eletrônico, que foram respondidas pela integrante da coordenação do MST, Marina dos Santos, e enviadas na quinta-feira em torno das 18h, dentro do prazo.
A repórter até então interessada não entrou mais em contato. E a reportagem saiu só no domingo. E as respostas não foram aproveitadas.
Por que será?
Abaixo, leia as respostas da integrante da Coordenação Nacional do MST que não saíram em O Globo.
Por que o Brasil não sai às ruas contra a corrupção?
Arrisco uma tentativa de responder essa pergunta ampliando e diversificando o questionamento: por que o Brasil não sai às ruas para as questões políticas que definem os rumos do nosso país? O povo não saiu às ruas para protestar contra as privatizações — privataria — e a corrupção existente no governo FHC. Os casos foram numerosos — tanto é que substituiu-se o Procurador Geral da Republica pela figura do “Engavetador Geral da República”.
Não saiu às ruas quando o governo Lula liberou o plantio de sementes transgênicas, criou facilidades para o comércio de agrotóxicos e deu continuidade a uma política econômica que assegura lucros milionários ao sistema financeiro.
Os que querem que o povo vá as ruas para protestar contra o atual governo federal — ignorando a corrupção que viceja nos ninhos do tucanato — também querem ver o povo nas ruas, praças e campo fazendo política? Estão dispostos a chamar o povo para ir às ruas para exigir Reforma Agrária e Urbana, democratização dos meios de comunicação e a estatização do sistema financeiro?
O povo não é bobo. Não irá às ruas para atender ao chamado de alguns setores das elites porque sabe que a corrupção está entranhada na burguesia brasileira. Basta pedir a apuração e punição dos corruptores do setor privado junto ao estatal para que as vozes que se dizem combater a corrupção diminua, sensivelmente, em quantidade e intensidade.
Por que não vemos indignação contra a corrupção?
Há indignação sim. Mas essa indignação está, praticamente restrita à esfera individual, pessoal, de cada brasileiro. O poderio dos aparatos ideológicos do sistema e as políticas governamentais de cooptação, perseguição e repressão aos movimentos sociais, intensificadas nos governos neoliberais, fragilizaram os setores organizados da sociedade que tinham a capacidade de aglutinar a canalizar para as mobilizações populares as insatisfações que residem na esfera individual.
Esse cenário mudará. E povo voltará a fazer política nas ruas e, inclusive, para combater todas as práticas de corrupção, seja de que governo for. Quando isso ocorrer, alguns que querem ver o povo nas ruas agora assustados usarão seus azedos blogs para exigir que o povo seja tirado das ruas.
As multidões vão às ruas pela marcha da maconha, MST, Parada Gay…e por que não contra a corrupção?
Porque é preciso ter credibilidade junto ao povo para se fazer um chamamento popular. Ter o monopólio da mídia não é suficiente para determinar a vontade e ação do povo. Se fosse assim, os tucanos não perderiam uma eleição, o presidente Hugo Chávez não conseguiria mobilizar a multidão dos pobres em seu país e o governo Lula não terminaria seus dois mandatos com índices superiores a 80% de aprovação popular.
Os conluios de grupos partidários-políticos com a mídia, marcantes na legislação passada de estados importantes — como o de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul — mostraram-se eficazes para sufocar as denúncias de corrupção naqueles governos. Mas foram ineficazes na tentativa de que o povo não tomasse conhecimento da existência da corrupção. Logo, a credibilidade de ambos, mídia e políticos, ficou abalada.
A sensação é de impunidade?
Sim, há uma sensação de impunidade. Alguns bancos já foram condenados devolver milhões de reais porque cobraram ilegalmente taxas dos seus usuários. Isso não é uma espécie de roubo? Além da devolução do dinheiro, os responsáveis não deveriam responder criminalmente? Já pensou se a moda pegar: o assaltante é preso já na saída do banco, e tudo resolve com a devolução do dinheiro roubado…
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em recente entrevista à Revista Piauí, disse abertamente: “em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Por que eu saio em 2015. E aí, acabou.(…) Só vou ficar preocupado, meu amor, quando sair no Jornal Nacional.”
Nada sintetiza melhor o sentimento de impunidade que sentem as elites brasileiras. Não temem e sentem um profundo desrespeito pelas instituições públicas. Teme apenas o poder de outro grupo privado com o qual mantêm estreitos vínculos, necessários para manter o controle sobre o futebol brasileiro.
São fatos como estes, dos bancos e do presidente da CBF –- por coincidência, um dos bancos condenados a devolver o dinheiro dos usuários também financia a CBF — que acabam naturalizando a impunidade junto a população.
Fonte: http://www.viomundo.com.br/humor/as-respostas-que-o-globo-preferiu-nao-aproveitar.html

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Filosofia Política: vamos aproveitar o recesso de Julho para revisão dos tópicos do primeiro semestre de 2011.

Como já falamos anteriormente o programa de desenvolvemos segue a proposta do Centro de Referência Virtual (ver nesta página), que se apoia em Eixos Temáticos. No segundo bimestre nosso Eixo foi AGIR E PODER, que possui como referências filosóficas a Ética e a Filosofia Política.
 
Os tópicos deste Eixo estão da seguinte forma esquematizados:

TÓPICOS:

2.1. Os valores

a. Ser e dever ser
b. Universalidade e relatividade dos valores

2.2. Liberdade e determinismo

2.3. Indivíduo e comunidade
a. Conflito
b. Lei e justiça


 O programa é desenvolvido tendo como perspectiva aprimorar algumas de nossas habilidades. Seguindo o esquema acima temos a seguinte proposta:

2.1 - Campo dos Valores:

a. Ser e deve ser
- Reconhecer que o agir humano é de natureza valorativa.
- Distinguir e circunscrever a esfera da moral como o lugar das ações e escolhas humanas, das normas e dos valores.
- Distinguir entre as esferas dos fatos e dos valores.
- Conhecer algumas entre as diversas posições filosóficas a respeito do bem e o mal. 

b. Universalidade e Relatividade dos valores

- Compreender a diversidade cultural.
- Analisar criticamente o etnocentrismo.
- Confrontar as posições universalistas e relativistas em relação aos valores.


2.2. Liberdade e determinismo

- Refletir sobre as condições do agir humano.
- Compreender e analisar o conceito de liberdade em sua relação com o conceito de determinismo.
- Compreender que a liberdade humana se exerce em meio às determinações.
- Confrontar as concepções filosóficas que negam a existência de um livre-arbítrio com aqueles que o  afirmam.
- Compreender que o agir ético é indissociável da relação consigo mesmo e com os outros

2.3. Indivíduo e comunidade

a. Conflito

- Delimitar as esferas do indivíduo, do social e do político.
- Refletir sobre o sentido do conflito nas relações humanas.
- Compreender a esfera da política como o lugar da expressão e articulação de conflitos e eventual operação de consenso.
- Compreender o fenômeno da violência em sua diferença com o conflito.
- Pensar os fundamentos da desobediência.
- Distinguir entre o exercício da força e o da autoridade (uso legítimo da força).


b. Lei e justiça

- Compreender os diferentes conceitos de lei
- Compreender os diferentes conceitos de Justiça
- Diferenciar legitimidade e legalidade.
- Compreender as diferentes formas de poder nas sociedades humanas.

Fonte: Centro de Referência Virtrual - Secretaria de Estado da Educação - MG

domingo, 17 de julho de 2011

Filosofia Política no poema de Carlos Drummond de Andrade.

Na poema "Nosso Tempo", Carlos Drummond de Andrande termina esta poesia com esta estrofe:

(...)
"O poeta
declina de toda responsabilidade
na marcha do mundo capitalista
e com suas palavras, intuições, símbolos  e outras armas
promete ajudar
a destruí-lo
como uma pedreira, uma floresta,
um verme."

O que o poeta pretendeu expressar com esta poesia? Faça uma pequena redação, depois de pesquisar mais na internet a obra deste grande poeta. Bons estudos.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

"CALE-SE"

Caro aluno,

1 - Veja esta letra do Chico Buarque, escrita em parceria com Gilberto Gil. (Ela é intrepretada com Milton Nascimento).
2 - Em sua opinião qual o tema central desta música?
3 -  O que os autores pretenderam ao usar expressões como "Cálice" e "Cale-se"?
4 - Em que época da história do Brasil ela foi criada?
5 - Em sua opinião a letra desta música pode ser adequada para um período como o de hoje em que a democracia está consolidada?
6 - Em nosso regime democrático pode acontecer atos ditatoriais? Dê um exemplos e explique sua opinião.

Cálice

Chico Buarque

Composição: Chico Buarque e Gilberto Gil
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor e engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!)
Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)
Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)

domingo, 10 de julho de 2011

Lição para casa: APOLOGIA DE SÓCRATES (Platão). O sentido da busca da verdade pode ser superior à própria vida?

Prezados Alunos: Durante a próxima semana façam uma leitura do texto abaixo e depois elaborem uma pequena redação com este tema: 

COMENTÁRIOS DE TEXTOS FILOSÓFICOS - APOLOGIA DE SÓCRATES -  Platão
(...) Amor é compromisso
com algo mais terrível do que o amor?(...)

(Poema: Mineração do Outro – Carlos Drummmond de Andrade)

Um texto escrito por Platão citando um outro filósofo paradigmático e, que independentemente de ter sido historicamente real, é tão real quanto a força dramática do trecho do poema de Drummond de Andrade transcrito acima.
Em primeiro lugar não custa repetir os traços elegantes, fortes e dramáticos da Apologia. Eu encerraria aqui qualquer pretensão de comentário, se o texto se apresentasse apenas como um poema. Mas, sem deixar de ser poema de feição apaixonada é também uma elaboração filosófica e é, sobretudo um repto. Senão vejamos:

Qual a essência da “Apologia”? – De uma forma quase grosseira, diria que a obra é um libelo em defesa da Verdade. Mas de que verdade estamos falando, uma vez que esta verdade é um compromisso com uma coerência, daquilo que Sócrates tinha como mais valioso que a própria vida. A Verdade pode ser terrível? Sem dúvida e, nesta medida, ela chega ser “não humana”; ela é divina. É uma medida da dimensão absoluta de Deus, assim como acreditava Sócrates.

Sendo acusado de corromper os jovens e de ateísmo, Sócrates é levado a julgamento e finalmente, condenado à morte.

Na Apologia Platão pretende reproduzir a defesa de Sócrates perante seus acusadores e sua postura perante a sentença.

Para Sócrates, ao acusá-lo, seus juizes praticavam um ato ignóbil, injusto e maldoso. Cabia a Sócrates através dos seus argumentos impedir seus juizes de cometer uma maldade; esta era o sentido de sua defesa. Sócrates não receava sua condenação; mas sendo condenado, não teria sido capaz de impedir os seus juizes de alcançar a verdade.
Mesmo esta nova afirmativa em face do próprio discurso da Apologia revela alguns paradoxos: em todo o texto há um sentido de predestinação e fatalidade. Sócrates esperava ser condenado. É como se ele soubesse que estava jogando um jogo de cartas marcadas. Mas sendo assim porque o tamanho empenho na sua defesa?  Arriscamos a dizer que seu compromisso com a verdade obrigava-o a esta defesa, ainda que seu desfecho já fosse esperado.   


O singular é que Sócrates é citado como um marco no surgimento deste período da filosofia, que identificará na introspecção o caminho do conhecimento. A expressão “conhece-te a ti mesmo”, tornou-se a divisa deste filósofo. “Por fazer do autoconhecimento ou do conhecimento que os homens têm de si mesmos a condição de todos os outros conhecimentos verdadeiros, é que o período socrático é antropológico”.
A leitura à Apologia de Sócrates é tão sedutora, que uma pequena pesquisa mostra outras visões sobre o mesmo assunto. E é claro que estas opiniões se multiplicam.

Em um texto da professora Marilene Chauí (in Convite à Filosofia) ela assim se expressa sobre a Apologia:

“(...) Para os poderosos de Atenas, Sócrates tornara-se um perigo, pois fazia a juventude pensar. Por isso, eles o acusaram de desrespeitar os deuses, corromper os jovens e violar as leis. Levado perante a assembléia, Sócrates não se defendeu e foi condenado a tomar um veneno – a cicuta – e obrigado a suicidar-se.
Por que Sócrates não se defendeu? “Porque”, dizia ele, “se eu me defender, estarei aceitando as acusações, e eu não as aceito. Se eu me defender, o que os juízes vão exigir de mim? Que eu pare de filosofar. Mas eu prefiro a morte a ter que renunciar à Filosofia”.O julgamento e a morte de Sócrates são narrados por Platão numa obra intitulada Apologia de Sócrates, isto é, a defesa de Sócrates, feita por seus discípulos, contra Atenas.(...)”


Como já dissemos e, ao contrário do que diz a professora Chauí, Sócrates faz a sua defesa: ele precisava fazê-la. Não para alterar o resultado de um julgamento que ele já antevia o resultado, mas como um compromisso com a maieutica: é preciso manter o compromisso de dar à luz à verdade.   

Aqui vemos a figura de um arquétipo: o Sócrates Herói, aquele que se despoja da própria vida para salvar valores universais.

 Texto: Frederico Drummond - professor de filosofia

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Atenção todos os alunos do ensino médio (regular e EJA): vamos conhecer mais sobre filosofia política.

Origem da vida política

Entre as explicações sobre a origem da vida política, três foram as principais e as mais duradouras:

1. As inspiradas no mito das Idades do Homem ou da Idade de Ouro. Esse mito recebeu inúmeras versões, mas, em suas linhas gerais, narra sempre o mesmo: no princípio, durante a Idade de Ouro, os seres humanos viviam na companhia dos deuses, nasciam diretamente da terra e já adultos, eram imortais e felizes, sua vida transcorria em paz e harmonia, sem necessidade de leis e governo.
Em cada versão, a perda da Idade de Ouro é narrada de modo diverso, porém, em todas, a narrativa relata uma queda dos humanos, que são afastados dos deuses, tornam-se mortais, vivem isoladamente pelas florestas, sem vestuário, moradia, alimentação segura, sempre ameaçados pelas feras e intempéries. Pouco a pouco, descobrem o fogo: passam a cozer os alimentos e a trabalhar os metais, constroem cabanas, tecem o vestuário, fabricam armas para a caça e proteção contra animais ferozes, formam famílias.
A última idade é a Idade do Ferro, em geral descrita como a era dos homens organizados em grupos, fazendo guerra entre si. Para cessar o estado de guerra, os deuses fazem nascer um homem eminente, que redigirá as primeiras leis e criará o governo. Nasce a política com a figura do legislador, enviado pelos deuses.
Com variantes, esse mito será usado na Grécia por Platão e, em Roma, por Cícero, para simbolizar a origem da política através das leis e da figura do legislador. Leis e legislador garantem a origem racional da vida política, a obra da razão sendo a ordem, a harmonia e a concórdia entre os humanos sob a forma da Cidade. A razão funda a política.

2. As inspiradas pela obra do poeta grego Hesíodo, O trabalho e os dias. Agora, a origem da vida política vincula-se à doação do fogo aos homens, feita pelo semideus Prometeu. Graças ao fogo, os humanos podem trabalhar os metais, cozer os alimentos, fabricar utensílios e sobretudo descobrir-se diferentes dos animais. Essa descoberta leva a perceber que viverão melhor se viverem em comunidade, dividindo os trabalhos e as tarefas. Organizados em comunidades, colocam-se sob a proteção dos deuses de quem receberam as leis e as orientações para o governo.
Pouco a pouco, porém, descobrem que sua vida possui problemas e exige soluções que somente eles podem enfrentar e encontrar. Mantendo a piedade pelos deuses, entretanto, criam leis e instituições propriamente humanas, dando origem à comunidade política propriamente dita. É a teoria política defendida pelos sofistas. Nessa concepção, o desenvolvimento das técnicas e dos costumes leva a convenções entre os humanos para a vida em comunidade sob leis. A convenção funda a política.

3. As teorias que afirmam que a política decorre da Natureza e que a Cidade existe por natureza. Os humanos são, por natureza, diferentes dos animais, porque são dotados do logos, isto é, da palavra como fala e pensamento. Por serem dotados da palavra, são naturalmente sociais ou, como diz Aristóteles, são animais políticos. Não é preciso buscar nos deuses, nas leis ou nas técnicas a origem da Cidade: basta conhecer a natureza humana para nela encontrar a causa da política. Os humanos, falantes e pensantes, são seres de comunicação e é essa a causa da vida em comunidade ou da vida política. Nessa concepção, a
Natureza funda a política.

a) Na primeira teoria, a política é o remédio que a razão encontra para a perda da felicidade da comunidade originária.
b) Na segunda, a política resulta do desenvolvimento das técnicas e dos costumes, sendo uma convenção humana.
c) Na terceira, enfim, a política define a própria essência do homem, e a Cidade é considerada uma instituição natural.

Enquanto as duas primeiras reelaboram racionalmente as explicações míticas, a terceira parte diretamente da definição da natureza humana.

Texto da professora Marilena Chaui.

Vamos ampliar nosso conhecimento: Política = polis, que, em grego, significa cidade.


Os gregos inventaram a política (palavra que vem de polis, que, em grego, significa cidade organizada por leis e instituições).

Instituíram práticas pelas quais as decisões eram tomadas a partir de discussões e debates públicos e eram adotadas ou revogadas por voto em assembléias públicas;

porque estabeleceram instituições públicas (tribunais, assembléias, separação entre autoridade do chefe da família e autoridade pública, entre autoridade político-militar e autoridade religiosa)

e sobretudo porque criaram a idéia da lei e da justiça como expressões da vontade coletiva pública e não como imposição da vontade de um só ou de um grupo, em nome de divindades.

Os gregos criaram a política porque separaram o poder político e duas outras formas tradicionais de autoridade: a do chefe de família e a do sacerdote ou mago

Fonte: CHAUÍ, Marilene “Convite à Filosofia” - edição na internet.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Eixo Temático II: Filosofia Política. (Para todas as turmas do ensino médio)

Caros Alunos,

Como já havíamos comentado em uma postagem anterior a investigação filosófica da Política esteve presente desde antiguidade grega. O conceito de DEMOCRACIA  surgiu na Grécia, embora seu tendido naquela época fosse diferente do que empregamos hoje.
A professora Marilena Chaui em seu livro "Convite à Filosofia" (confira link nesta página) falando dos campos da filosofia dedica algumas palavras à polífica como reproduzimos abaixo:

● A invenção da política, que introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimento da Filosofia: 
1. A idéia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. O aspecto legislado e regulado da cidade - da polis - servirá de modelo para a Filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado do mundo como um mundo racional.
2. O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de palavra ou de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Neste, um poeta-vidente, que recebia das deusas ligadas à memória (a deusa Mnemosyne, mãe das Musas, que guiavam o poeta) uma iluminação misteriosa ou uma revelação sobrenatural, dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses que eles deveriam obedecer.
Agora, com a polis, isto é, a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomar uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político como a palavra humana compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer alguma coisa.
A política, valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão e a decisão racional, valorizou o pensamento racional e criou condições para que surgisse o discurso ou a palavra filosófica.
3. A política estimula um pensamento e um discurso que não procuram ser formulados por seitas secretas dos iniciados em mistérios sagrados, mas que procuram, ao contrário, ser públicos, ensinados, transmitidos, comunicados e discutidos. A idéia de um pensamento que todos podem compreender e discutir, que todos podem comunicar e transmitir, é fundamental para a Filosofia.
 PARA REFLETIR E PESQUISAR EM CASA:

Uma emissora de TV brasileira (SBT) está transmitindo uma novela com o nome "Amor e Revolução". Em relação a esta novela procure saber:
a) Qual o tema central da novela?
b) De qual período da história brasileira ela se refere?
c) O que podemos entender por "Ruptura da ordem  democrática", quando acontece uma Democracia moderna um Golpe Militar?
d) O que é Ditadura Militar?
e) O que significa a expressão "Rasgar a Constituição"?
f) Uma das brutalidades em uma ditadura militar é a suspensão dos direitos civís, como o direito à reunião por meios pacíficos e o direito de greve. O que você pensa sobre isto. 

Reflita e pesquise estes temas. No nosso terceiro bimestre iremos realizar uma pesquisa bibliográfica sobre as questões apresentadas.

Bons estudos
Frederico Drummond - Professor de Filosofia.