sábado, 12 de março de 2011

Alunos refletem sobre o sentido das tragédias naturais em confronto com as tragédias decorrentes das ações humanas.

Os textos abaixo são ainda provisórios. Constituem a primeira redação dos grupos de alunos do ensino médio, da 2a série A, da Escola Emílio de Vasconcelos Costa, de Sete Lagoas, MG.
Antes do debate e desta redação os alunos ouviram o professor expor as diferença das Leis Naturais e dos fatos que resultam das ações, decisões ou omissões do seres humanos. Eis um resumo do problema colocado:

Durante todo o último verão, muitas cidades brasileiras, passaram por grandes tragédias envolvendo desmoronamento de morros, que soterraram casas e pessoas, enchentes que cobriam cidades inteiras e formavam correntezas com a força de um rio.  As imagens das cidades serranas do Rio de Janeiro, de municípios do interior de Santa Catarina, o cenário de grandes metrópoles como São Paulo e Belo Horizonte continuam desafiando nossa capacidade de entender estas tragédias. Centenas de mortos e desabrigados, pessoas ainda desaparecidas, muitas moradias totalmente destruídas, famílias desestruturadas: estes sãos apenas alguns dos fatos que permanecem vivos na lembrança de quem passou pela experiência diretamente ou que acompanhou os episódios pela televisão, internet, jornais e revistas. MAS AFINAL: QUEM É O CULPADO POR TUDO ISTO?

Observação: embora haja necessidade de melhoráramos a estrutura de alguns dos textos, pode-se observar que as questões fundamentais foram abordadas pelos alunos.  Destacamos:

a)      Nenhum dos grupos buscou explicações de natureza religiosa para justificar fenômenos naturais como as chuvas.
b)      Os alunos reconhecem os fenômenos naturais como pertencendo a uma ordem de fatores em relação aos quais não se pode atribuir sentido ético ou valorativo.
c)      Quando os seres humanos sofrem em decorrência de fenômenos naturais a responsabilidade é dos próprios humanos, por negligência, agressões ao meio ambiente, falta de atuação das autoridades públicas etc. Ou seja, os humanos estão sujeitos a uma ordem valorativa/ética que é cultural e histórica. Podemos dizer que os atos humanos são justos ou injustos, por exemplo. Mas o mesmo não pode ser dito da chuva, do frio ou do calor.
d)      Os alunos desta forma se distanciam do pensamento mítico ou mágico (presente da fase primitiva da filosofia grega) sobre os fenômenos naturais  Vale registrar que a visão mágica sobre a natureza é ainda muito forte entre nós, quando dizemos: - “Isto aconteceu assim porque Deus quis”.
e)      Independente de nossas crenças religiosas a filosofia nos cobra um olhar racional e empírico sobre tudo que acontece à nossa volta. A inteligência/consciência de que são dotados os seres humanos que possibilita esta reflexão.
f)        Esta busca racional está presente em praticamente toda a filosofia grega.
g)      Pelos sentidos reconhecemos os fatos; pela razão tentamos explicá-los.
h)      Como já dissemos este entendimento está presente nos comentários do alunos, que reproduzimos a seguir:


Grupo 1

Enfim sabemos que todas estas tragédias podem ter sido “naturais”; mas algo natural não acontece com a ação humana, que não respeitou (aram) o limite da natureza  e construiu (iram) em locais proibidos.
Mas nós seres humanos, nos (auto) prejudicamos. Quando o assunto é a natureza, jogamos lixo em estradas, entupimos os bueiros. Somos incapazes de estarmos ligados a qualquer grupo de reciclagem. Culpamos as autoridades que em pleno século XXI não sabem prever uma catástrofe, com tanta tecnologia a nosso dispor.
Temos algo que muito nos impressiona: a solidariedade do povo brasileiro, um povo (onde) que não só tem consciência ambiental, mas tem a consciência de ajudar o próximo. (...) Somos ensinados desde pequenos, várias coisas, mas não é colocado em nós um amor pela nossa pátria, nossa terra.
O exemplo disto foi a construção de casas na região serrana de Petrópolis, uma cidade linda, mas que foi totalmente devastada e isto, simplesmente ocorreu pela falta de conscientização humana, em que a natureza tem um limite e que precisa ser respeitado.

Grupo 2

Em (na) nossa opinião as tragédias resultam da combinação dos fatos naturais e da ação humana.
Essas conseqüências (Estes episódios?) têm como responsáveis as pessoas que constroem suas casas em áreas de risco, mesmo sabendo (que) estão correndo risco de vida.
Tendo como causa disso o poder público que não tem a consciência de proibir a estadia destes locais.

Grupo 3

Achamos que são os dois (fatos faturais e ação humana), pois os fenômenos naturais sempre estiveram no lugar deles, ao contrário de nós, somos irresponsáveis por construir moradias em lugares arriscados.

            “O ser humano provoca e a natureza faz”  (referência - 3ª Lei de Newton: Ação e Reação)

Grupo 4

Estas tragédias são resultados de fatos naturais e da ação humana, pois a natureza sempre agiu da mesma forma, mas o ser humano começou a modificar e poluir a natureza; com isto o aquecimento global coopera para que as chuvas e o calor aumentem e os seres humanos constroem casas em locais indevidos. A natureza continua agindo da mesma forma, mas acaba devastando por causa das tragédias aos seres humanos. O poder público podia fiscalizar a natureza, porque ninguém pode acabar destruindo a natureza sem pagar. Por isto o poder público tem que começar multando cada ser humano que destruir a natureza.

Grupo 5

Bom, os culpados por isso são os seres humanos através da poluição, o desmatamento e a falta de responsabilidade. Pelo fato de desmatamento de morros foi um dos fatores naturais que o ser humano cometeu.

A análise e coordenação dos trabalhos são de responsabilidade do professor de filosofia Frederico Ozanam Drummond

2 comentários:

  1. Excelente trabalho! Aspectos importantes:
    O conhecimento teórico, histórico-filosófico,atualizado, compreendido, incorporado à vivência atual dos alunos.
    O posicionamento ético diante da interferência humana no movimento da Natureza.Isso é educar para a vida hoje...é formar cidadão para hoje...

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