sábado, 10 de novembro de 2012

Podemos alcançar a certeza?


A certeza é o resultado de nossa adesão ao que consideramos verdadeiro.

• O dogmatismo - Há vários significados para o conceito de dogmatismo

a) O dogmatismo do senso comum - No senso comum, o dogmatismo designa as certezas não questionadas do nosso cotidiano: de posse do que supõe verdadeiro, a pessoa fixa-se na certeza e abdica da dúvida..

b) O dogmatismo filosófico - A filosofia dogmática serve para identificar os filósofos que estão convencidos de que a razão pode alcançar a certeza absoluta. O filósofo David Hume colocou em questão nossa capacidade de atingir certezas absolutas. Sua influência foi decisiva para Kant, que, na obra Crítica da Razão Pura, põe a razão em um tribunal a fim de definir os limites e as possibilidades do conhecimento.

O ceticismo  - O cético tanto observa e pondera que conclui, nos casos mais radicais de ceticismo, que o conhecimento é impossível. Nas tendências moderadas, o cético suspende provisoriamente qualquer juízo ou admite apenas uma forma restrita de conhecimento, reconhecendo os limites para a apreensão da verdade. Para alguns, mesmo que seja impossível encontrar a certeza, não se deve abandonar a busca da verdade. O grande representante do ceticismo foi outro grego, Pirro de Élida (séc. IV-III a.C. ). Para Pirro, a atitude coerente do sábio é a suspensão do juízo e, como consequência prática, a aceitação com serenidade do fato de não poder discernir o verdadeiro do falso. Além do aspecto epistemológico, essa postura tem um caráter ético, porque aqueles que se prendem a verdades indiscutíveis estão fadados à infelicidade, já que tudo é incerto e fugaz. No Renascimento, o filósofo francês Michel de Montaigne retoma o ceticismo ao contrapor-se às certezas da escolástica e à intolerância, atitude que marcara o período de lutas religiosas. David Hume (séc. XVIII) admite o ceticismo ao reconhecer os limites muito estreitos do entendimento humano. Mais que isso, pondera que estamos subjugados pelos sentidos e pelos hábitos, o que reduz as nossas certezas a simples probabilidades. Recusa a metafísica e portanto os princípios a priori que tentem justificar nosso conhecimento. Hume, porém, não se diz adepto de um ceticismo extremado, como o do grego Pirro. Ao contrário, considera mais vantajoso à humanidade o ceticismo atenuado, que limita "as nossas pesquisas aos assuntos que mais se adaptarem à estreita capacidade do entendimento humano". Nesse sentido, Hume refere-se às crenças teóricas e práticas, que podem ser corretas ou incorretas e nos orientam no cotidiano. Assim, quando uma bola de bilhar bate em outra e a movimenta, tendemos a aceitar o principio da causalidade: uma bola é a causa do movimento da outra (que é seu efeito). Trata-se, porém, de uma crença, que resulta da conjunção habitual entre um objeto e outro:
Teorias sobre a verdade
Que critério nos permite reconhecer a verdade e distingui-la do erro? Ou seja, que condições a verdade exige para ser aceita como tal? Quando afirmar que algo é verdadeiro? A resposta mais frequente está na evidência como critério da verdade. Veremos os filósofos que são adeptos dessa teoria e aqueles que contemporaneamente a criticam.
• O critério da evidência
Segundo a teoria da correspondência, representada na filosofia desde Aristóteles, é verdadeira a proposição que corresponde a um fato da realidade. Embora a teoria da correspondência tenha adeptos ainda hoje, recebeu muitas críticas por conta da dificuldade de explicar o que significa uma proposição corresponder a um fato. Em outras palavras, a verdade é a representação do mundo como ele realmente é ou como nos aparece? Afinal, se temos acesso aos fatos apenas pelas nossas crenças, e essas não são verificadas por outros meios, a não ser por elas mesmas, como garantir que nosso pensamento corresponde aos fatos?

Resenha do livro Filosofando - de Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins - 4ªEdição - Editora Moderna.  

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