sábado, 10 de novembro de 2012

O QUE PODEMOS CONHECER?

1 -  O ato de conhecer - O campo de investigação filosófica que abarca as questões sobre o conhecer chama-se Teoria do Conhecimento. Tradicionalmente costuma-se definir conhecimento como o modo pelo qual o sujeito se apropria intelectualmente do objeto. Entendemos por conhecimento o ato ou o produto do conhecimento.

• O ato do conhecimento diz respeito à relação que se estabelece entre o sujeito cognoscente e o objeto a ser conhecido. O objeto é algo fora da mente, mas também a própria mente, quando percebemos nossos afetos, desejos e ideias.

• O produto do conhecimento é o que resulta do ato de conhecer, ou seja, o conjunto de saberes  acumulados e recebidos pela cultura, bem como os saberes que cada um de nós acrescenta à tradição: as crenças, os valores, as ciências, as religiões, as técnicas, as artes, a filosofia etc. este capítulo, vamos privilegiar o primeiro aspecto: o ato de conhecer.

2 -  Os modos de conhecer

De que maneiras o sujeito cognoscente apreende o real? Geralmente consideramos o conhecimento como um ato da razão, pelo qual encadeamos ideias e juízos, para chegar a uma conclusão. Essas etapas compõem o nosso raciocínio. No entanto, conhecemos o real também pela intuição. Vejamos a diferença  entre intuição e conhecimento discursivo.

• A intuição – Trata-se de um conhecimento imediato – alcançado sem intermediários -, um tipo de pensamento direto, uma visão súbita. (o famoso: EUREKA!)

• Conhecimento discursivo - Para compreender o mundo, a razão supera as informações concretas e imediatas recebidas por intuição e organiza-as em conceitos ou ideias gerais que, devidamente articulados pelo encadeamento de juízos e raciocínios, levam à demonstração e a conclusões. Portanto, o conhecimento discursivo, ao contrário da intuição, precisa da palavra, da linguagem. Por ser mediado pelo conceito, o conhecimento discursivo é abstrato.
Como se dá então o conhecimento? Ao afastar-se do vivido, a razão enriquece o conhecimento pela interpretação e pela crítica. Esse distanciamento, porém, como enfatizam alguns filósofos, pode representar um empobrecimento da experiência intuitiva que temos do mundo e de nós mesmos. Por isso, o conhecimento se faz pela relação contínua entre intuição e razão, vivência e teoria, concreto e abstrato.
3 - A verdade
O que é a verdade? O que alguém quer dizer quando afirma que uma proposição é verdadeira? Primeiro, vamos comparar o conceito de verdade com o de veracidade e o de realidade.
• Verdade e veracidade: suponhamos que alguém me diz que há um lado da Lua que nunca é visto da Terra. Se eu lhe perguntar: "Isto é verdade?", a indagação pode ter dois sentidos. O primeiro é se meu interlocutor está me dizendo uma verdade ou se está mentindo.Nesse caso, trata-se da veracidade, que nos coloca diante de uma questão moral: o indivíduo veraz é o que não mente. O segundo sentido é propriamente epistemológico: quero saber se a afirmação de meu interlocutor é verdadeira ou falsa. Para tanto, indago se a proposição corresponde à realidade, se já foi comprovada, se a fonte de informação é digna de crédito ou não.
Verdade e realidade: embora diferentes esses dois conceitos são frequentemente confundidos na linguagem cotidiana. A verdade do conhecimento diz respeito a uma proposição que expressa um fato do mundo. Assim, quando afirmamos "Este colar é de ouro'', a proposição é falsa caso se trate de uma bijuteria. Mas se nos referimos a coisas (um colar, um quadro, um dente) só podemos afirmar que são reais, e não verdadeiras ou falsas. Portanto, o falso ou o verdadeiro não estão na coisa mesma, mas no juízo, que representa uma situação possível. Ao beber o líquido escuro que me parecia café, emito os juízos: "Este líquido não é café" e "Este líquido é cevada". Portanto, a verdade (ou falsidade) se dá quando afirmamos ou negamos algo sobre uma coisa, e esses juízos correspondem (ou não) à realidade. Estamos diante de um primeiro sentido de verdade: um juízo verdadeiro é aquele que corresponde aos fatos. Ainda que essa definição pareça óbvia e esteja de acordo com o senso comum, há outra questão que diz respeito ao critério de verdade: podemos saber como as coisas são de fato?
Resenha do livro Filosofando - de Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins - 4ªEdição - Editora Moderna.

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