•
O ato do conhecimento diz respeito à relação que se estabelece entre o sujeito
cognoscente e o objeto a ser conhecido. O objeto é algo fora da mente, mas
também a própria mente, quando percebemos nossos afetos, desejos e ideias.
•
O produto do conhecimento é o que resulta do ato de conhecer, ou seja, o
conjunto de saberes acumulados e
recebidos pela cultura, bem como os saberes que cada um de nós acrescenta à
tradição: as crenças, os valores, as ciências, as religiões, as técnicas, as
artes, a filosofia etc. este capítulo, vamos privilegiar o primeiro aspecto: o
ato de conhecer.
2
- Os modos de conhecer
De
que maneiras o sujeito cognoscente apreende o real? Geralmente consideramos o
conhecimento como um ato da razão, pelo qual encadeamos ideias e juízos, para
chegar a uma conclusão. Essas etapas compõem o nosso raciocínio. No entanto,
conhecemos o real também pela intuição. Vejamos a diferença entre intuição e conhecimento discursivo.
•
A intuição – Trata-se de um conhecimento
imediato – alcançado sem intermediários -, um tipo de pensamento direto, uma
visão súbita. (o famoso: EUREKA!)
•
Conhecimento discursivo - Para
compreender o mundo, a razão supera as informações concretas e imediatas
recebidas por intuição e organiza-as em conceitos ou ideias gerais que,
devidamente articulados pelo encadeamento de juízos e raciocínios, levam à
demonstração e a conclusões. Portanto, o conhecimento discursivo, ao contrário
da intuição, precisa da palavra, da linguagem. Por ser mediado pelo conceito, o
conhecimento discursivo é abstrato.
Como
se dá então o conhecimento? Ao afastar-se do vivido, a razão enriquece o
conhecimento pela interpretação e pela crítica. Esse distanciamento, porém,
como enfatizam alguns filósofos, pode representar um empobrecimento da
experiência intuitiva que temos do mundo e de nós mesmos. Por isso, o
conhecimento se faz pela relação contínua entre intuição e razão, vivência e
teoria, concreto e abstrato.
3
- A verdade
O
que é a verdade? O que alguém quer dizer quando afirma que uma proposição é
verdadeira? Primeiro, vamos comparar o conceito de verdade com o de veracidade
e o de realidade.
• Verdade e
veracidade: suponhamos que
alguém me diz que há um lado da Lua que nunca é visto da Terra. Se eu lhe perguntar:
"Isto é verdade?", a indagação pode ter dois sentidos. O primeiro é
se meu interlocutor está me dizendo uma verdade ou se está mentindo.Nesse
caso, trata-se da veracidade, que nos coloca diante de uma questão moral: o
indivíduo veraz é o que não mente. O segundo sentido é propriamente
epistemológico: quero saber se a afirmação de meu interlocutor é
verdadeira ou falsa. Para tanto, indago se a proposição corresponde à
realidade, se já foi comprovada, se a fonte de informação é digna de crédito ou
não.
• Verdade
e realidade: embora diferentes esses dois conceitos são frequentemente
confundidos na linguagem cotidiana. A verdade do conhecimento diz respeito a
uma proposição que expressa um fato do mundo. Assim, quando afirmamos
"Este colar é de ouro'', a proposição é falsa caso se trate de uma
bijuteria. Mas se nos referimos a coisas (um colar, um quadro, um dente) só
podemos afirmar que são reais, e não verdadeiras ou falsas. Portanto, o falso
ou o verdadeiro não estão na coisa mesma, mas no juízo, que representa uma
situação possível. Ao beber o líquido escuro que me parecia café, emito os
juízos: "Este líquido não é café" e "Este líquido é
cevada". Portanto, a verdade (ou falsidade) se dá quando afirmamos ou
negamos algo sobre uma coisa, e esses juízos correspondem (ou não) à realidade.
Estamos diante de um primeiro sentido de verdade: um juízo verdadeiro é aquele
que corresponde aos fatos. Ainda que essa definição pareça óbvia e esteja de
acordo com o senso comum, há outra questão que diz respeito ao critério de
verdade: podemos saber como as coisas são de fato?
Resenha do livro Filosofando - de Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins - 4ªEdição - Editora Moderna.
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