sábado, 12 de maio de 2012

O protagonismo dos alunos em sua própria educação.

A relação tradicional professor-aluno criou um grave desvio no processo de formação educacional. Formou-se em toda a comunidade envolvida neste processo (professores-alunos-pais e dirigentes das instâncias educacionais) a noção de que o professor é um provedor do conhecimento e o alunos é "um cliente-consumidor" da aprendizagem. Em um processo assim toda a responsabilidade pelo "sucesso" do aluno fica restrito ao desempenho do professor. Identificamos pelo menos dois fatores na origem neste desvio:

 a) Um de caráter nitidamente idelógico, reforçado por um conceito presente na visão neo-liberal da sociedade, que considera todas as relações como relações de mercado: a educação é uma mercadoria, que se realiza no processo clientes (alunos) - fornecedores (professores) e se destina ao consumo dos primeiros. O aluno paga as mensalidades em uma escola privada ou os impostos em uma escola estatal e passa a ser o cliente, dentro da clássica máxima de marketing - que "o cliente tem sempre a razão".

b) O outro desvio é na natureza autocrática da formação da cultura nacional. O Brasil viveu longos períodos de regimes autoritários, deixando-nos um legado de procedimentos igualmente autoritários. Neste caso os processos burocráticos na educação sobrepõem-se aos processos pedagógicos. Muitas das tensões em sala de aula, na relação professor-aluno, tem esta origem. Nós, como sociedade, temos que ser capazes em conjunto de dar uma resposta a este desafio. Tenho um sentimento ( e é isto mesmo - apenas um sentimento) que os nossos adolescentes cresceram com menor influência do autoritarismo, mas com forte influência do consumismo. Assim mantem uma relação apenas receptiva da "mercadoria" educação, sendo pouco protagonista dela. E existe um fator adicional: a mídia fortalece de maneira exacerbada a busca, a qualquer preço, de uma satisfação hedonista. E este "grande" prazer não é o que acontece em sala de aula. Mas existe um lado concreto de desconforto nas salas de aula. Em cadeiras desconfortáveis, salas muito quentes, com muitos alunos, com as mesmas características físicas das salas do começo do século XX os alunos e professores não tem motivos para sentir qualquer bem estar.

À lamentável combinação destes fatores junta-se outro de natureza política. A estrutura quase medieval da "linha de comando" da Secretaria de Educação Estadual (no presente caso falamos do exemplo de Minas Gerais). Um secretária, com superintendentes,insperoras, diretoras: ou seja no mínimo quatro níveis hierárquicos e um estilo marcadamente autocrático dos elementos desta hierárquica. E neste caso apenas a democratização do Estado poderá criar uma nova perspetiva.
Em todo este quadro insistimos: o protagonismo dos alunos, na qualidade de cidadãos, é fundamental para reverter o quadro muitas vezes insólitos de nossas salas de aula.

Frederico Drummond - professor filosofia              

Nenhum comentário:

Postar um comentário