Os valores e regras morais são universais, valendo para todos, ou são relativos às culturas, épocas e situações?
Podemos afirmar que alguns princípios morais são válidos independentemente de seu contexto, ou, ao contrário, a moralidade é essencialmente histórica e cultural?
O ponto de partida deste problema é uma constatação de fato: há uma grande diversidade de leis e costumes entre diferentes sociedades e culturas. Mais que isso, dentro de uma mesma sociedade é possível encontrar pessoas e grupos com hábitos e convicções morais diferentes. Como compreender este fato?
Em relação a esta questão se dividem relativistas e universalistas.
Para os primeiros, o costume é a origem e o critério da moralidade. Levando esta idéia às suas últimas consequências, chega-se à afirmação que não há uma posição moral mais correta do que outra.
Já os universalitas acreditam que, por mais forte que sejam os costumes, o que é moral ou imoral não é determinado por eles, mas por um ponto de vista que ultrapassa a particularidade.
O desafio não é novo: colocou-se para os historiadores e filósofos da antiguidade – ver as reflexões de Heródoto sobre os hábitos dos Persas e o grande debate entre Platão e os sofistas sobre se o justo e o injusto são definidos pelos costumes (Teeteto 172).
Colocou-se novamente na modernidade, com a descoberta das Américas, quando os indígenas foram compreendidos tanto como bárbaros aos quais faltavam “Deus, lei e rei”, quanto como um exemplo de ser humano mais próximo das leis naturais – ver o capítulo “Dos Canibais”, nos Ensaios de Montaigne.
Nos séculos XIX e XX, os antropólogos questionaram o que o senso comum afirmava sobre os povos primitivos, rapidamente identificados como inferiores.
Nos dias de hoje, a sociedade globalizada aproxima tradições, religiões e costumes, o que pode ser um fenômeno gerador de conflito, mas também de novas formas de respeito e de reconhecimento. Justifica-se, assim, plenamente, a inclusão deste tema no programa, como um meio tanto de enriquecer a visão que o aluno tem do outro quanto de avaliar seu compromisso com suas próprias convicções.
Fonte: Centro de Referência Virtual
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