Podemos dizer que os acontecimentos naturais e humanos são necessários, porque obedecem a leis naturais ou da natureza humana, mas também podem ser contingentes ou acidentais, quando dependem das escolhas e deliberações dos homens, em condições determinadas.
Dessa forma, uma pedra cai porque seu peso, por uma lei natural, exige que ela caia natural e necessariamente; um ser humano anda porque as leis anatômicas e fisiológicas que regem o seu corpo fazem com que ele tenha os meios necessários para a locomoção.
No entanto, se uma pedra, ao cair, atingir a cabeça de um passante, esse acontecimento é contingente ou acidental. Por quê? Porque, se o passante não estivesse andando por ali naquela hora, a pedra não o atingiria. Assim, a queda da pedra é necessária e o andar de um ser humano é necessário, mas que uma pedra caia sobre minha cabeça quando ando é inteiramente contingente ou acidental.
Todavia, é muito diferente a situação das ações humanas. É verdade que é por uma necessidade natural ou por uma lei da Natureza que ando. Mas é por deliberação voluntária que ando para ir à escola em vez de andar para ir ao cinema, por exemplo. É verdade que é por uma lei necessária da Natureza que os corpos pesados caem, mas é por uma deliberação humana e por uma escolha voluntária que fabrico uma bomba, a coloco num avião e a faço despencar sobre Hiroshima.
Um dos legados mais importantes da Filosofia grega é, portanto, essa diferença entre o necessário e o contingente, pois ela nos permite evitar o fatalismo - “tudo é necessário, temos que nos conformar e nos resignar” -, mas também evitar a ilusão de que podemos tudo quanto quisermos, se alguma força extranatural ou sobrenatural nos ajudar, pois a Natureza segue leis necessárias que podemos conhecer e nem tudo é possível por mais que o queiramos.
PARA PESQUISAR:
Filosofia Grega Antiga - Período Cosmológico - Filósofos da Natureza (inicia aproximadamente no ano VIII a.c.)
VEJA as principais escolas:
● filósofos da Escola Jônica: Tales de Mileto, Anaxímenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso;
● filósofos da Escola Itálica: Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento;
● filósofos da Escola Eleata: Parmênides de Eléia e Zenão de Eléia;
● filósofos da Escola da Pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de Abdera.
Destaques:
a) Tales de Mileto – (+ ou- 640-548 a . C) Tales é considerado o pai da filosofia grega. Atribui-se a este filósofo a frase de que a água é a origem de todas as coisas.
b) Heráclito – (+ ou – 540-470 a . C) nasceu em Éfeso.. É considerado o mais importante dos pré-socráticos. É dele a frase de que tudo flui: “Não entramos duas vezes nas águas do mesmo rio.” É o filósofo do devir, a lei do universo, tudo nasce se transforma e se dissolve.
c) Parmênides – (+ ou – 544-450 a . C) filósofo da região de Eléia, hoje Vília, Itália. Suas conclusões são contrárias às de Heráclito, seu contemporâneo. Para se chegar à verdade não podemos confiar nos dados empíricos, temos de recorrer à razão. Desta forma nada pode mudar, só existe o ser, imutável, eterno e único, em oposição ao não ser.
d) Pitágoras – (século VI a.C.) – Com ele nasceu a matemática.
Pesquisa no Link http://www.consciencia.org/pre_socraticos.shtml
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Fonte: Convite a Filosofia - Marilena Chaui.